O anúncio de que Marilyn Manson fará um show gratuito em 10 de agosto durante a Feira Nacional Potosina (Fenapo), na cidade de San Luis Potosí, acendeu uma polêmica entre a Igreja Católica e o governo do estado local. O arcebispo Jorge Alberto Cavazos Arizpe enviou uma carta ao governador Ricardo Gallardo Cardona solicitando formalmente o cancelamento da apresentação, alegando que a mensagem do artista fere os valores religiosos e familiares tradicionalmente ligados à feira, que homenageia São Luís Rei da França, padroeiro do estado.
Na carta, protocolada em 16 de junho, o arcebispo afirmou que o concerto “não contribui para a paz social” e expressou preocupação com o conteúdo do evento, alegando ter recebido diversas queixas de jovens da comunidade. A arquidiocese sustenta que a Fenapo ainda carrega um forte componente cultural e religioso, o que tornaria a apresentação de Manson algo “contraditório” ao propósito original do evento.
Em resposta, o governador Ricardo Gallardo não só rejeitou o pedido como fez questão de reafirmar que San Luis Potosí é um estado laico. Em uma transmissão ao vivo, ele afirmou: “Não estamos mais na época da Santa Inquisição. Assim como ninguém é obrigado a participar de procissões religiosas, ninguém será obrigado a ir ao show.” O governador ainda apontou que já apoiou diversas iniciativas religiosas e mantém uma relação institucional com a Igreja, mas não aceitará pressões para censurar manifestações culturais. Gallardo também alfinetou a instituição, mencionando casos não resolvidos de abusos como temas que também merecem preocupação social.
As informações são da revista mexicana Processo, que destaca ainda que essa controvérsia remete a um episódio histórico em 1989, quando um show do Black Sabbath na mesma cidade foi cancelado de última hora após protestos de líderes religiosos. Desta vez, no entanto, a apresentação de Marilyn Manson segue confirmada e será realizada no Teatro del Pueblo, com entrada gratuita. .
